sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Crônica Nerd #9: Noite Sangrenta - Parte 1/4



 Já passava da meia-noite quando ele finalmente saiu da danceteria, logo depois de uma loira de cabelos cacheados. De início, achei que não tinha nada de mais nisso, mas logo percebi que ele a estava seguindo. Quando ela transformou seu passo apressado em uma corrida, tive certeza de que isso não poderia acabar muito bem. 

 Das sombras eu os observava. Do alto dos prédios, para ser exato. Anos de prática levaram a uma destreza sem igual. Quando o parkour virou febre no mundo, eu sabia que tudo o que ele poderia me conceder eram novas formas de fazer aquilo que eu sempre fiz. Acompanhei seu movimento pulando silenciosamente de um prédio a outro, permitindo que meu sobretudo esvoaçasse às minhas costas e agradecendo a Deus pelas ruas de Megalópolis serem quase completamente tomadas por prédios próximos e de alturas aproximadas.

 Quando a mulher virou a esquina para entrar em um beco, descobri que havia chegado a hora de agir. Ela provavelmente não conhecia o lugar, mas eu sabia que aquele era um beco sem saída e ela daria de cara na porta dos fundos da antiga fábrica de materiais de construção. Não adiantava bater na porta nem fazer escândalo: a fábrica já havia fechado há mais de seis horas e a segurança era mantida eletronicamente, de modo que ninguém a ouviria.

 Escorreguei por uma calha até o chão enquanto ele chegava mais perto dela. Pude ouvir seus choramingos desesperados enquanto ela implorava ao rapaz que não a estuprasse. O homem riu, fazendo-a ficar um pouco confusa, mas eu sabia que ele não a estupraria. Não era esse seu objetivo.

 Puxei meu fuzil de longo alcance, olhando pela mira estereoscópica esperando pelo momento certo, afinal de contas, era a ele que eu deveria matar, e não ela. Ele a encurralou na parede da fábrica com os braços e levantou a cabeça pronto para atacá-la, os caninos retráteis já à mostra. Um estrondo depois e a pobre moça, antes impecável, agora encontrava-se encharcada de sangue. Do sangue dele. Do sangue de seus miolos que, agora, encontravam-se espalhados por todas as paredes à sua volta, enquanto o corpo morto jazia no chão.

 Meu nome é Romero e eu sou um caçador de vampiros. É isso o que eu faço.



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