[Leia a Parte 3]
Foram alguns meses de
luta, que passei, principalmente na frente de meu computador portátil. O livro
que Elisa me apresentara se mostrou um excelente guia, mas é claro que ela não
parou nele. Coletou a maior diversidade de livros de diferentes autores que
expressavam a mesma ideia: um pedaço da vida do autor no mundo da imaginação.
Procurei deixar meu próprio livro o mais original possível.
Elisa esteve do meu
lado durante todo esse tempo, me ajudando, me orientando, e, acima de tudo,
buscando mais livros. Por um instante, cheguei a pensar que ela gostasse mais
de livros do que eu mesmo, mas acabei julgando o fato impossível.
Quando finalmente
parecia que estava tudo pronto, passamos para a parte da revisão. Lemos e relemos
o projeto final várias vezes, até que tudo estivesse perfeito.
O passo seguinte
seria encontrar uma editora, algo que achei que seria muito fácil. Eu mal sabia
o quão enganado eu estava.
Procurei na internet
alguns sites de grandes editoras e mandei meu material para elas. Semanas
depois, recebi resposta de apenas algumas delas, todas rejeitando meu projeto,
algumas dando até explicações, coisa que julguei admirável, mas que não me
ajudou muito.
“Um autor novo não
pode dar certeza de vendas”, li uma das respostas para Elisa, abrindo outro
e-mail. “Não conseguimos contatar suas referências”, dizia outro.
“Infelizmente, a demanda de projetos é muito grande, e nem sempre conseguimos
dar conta de todos”, li ainda outro. “Parece que eles nem leram meu livro”,
reclamei com Elisa.
“Calma, Ricardo”, ela
dizia. “Eu não achava que você fosse conseguir mesmo com uma das grandes logo
de cara, então andei pesquisando, sabe?”
Não, eu não sabia.
Achei realmente que estava sozinho agora, mas ali estava Elisa, sempre
companheira. Eu nunca tinha pedido sua ajuda e, no entanto, ela nunca me
abandonara. Senti-me imensamente grato por isso, enchendo-me de afeição por
ela.
Alguém pode achar
estranho, mas foram exatamente estas palavras que surgiram em minha cabeça
enquanto pensava no fato. Talvez devido às muitas horas de leitura, meu
vocabulário acabou se tornando um pouco arcaico. Culto, porém arcaico.
“Então”, continuou
ela, depois de alguns segundos, “tem essa editora que eu encontrei que publica
todos os projetos que recebe em pequena escala. A maioria das editoras publica
aproximadamente três mil exemplares por remessa. Esta não é diferente, mas cada
remessa dela contém aproximadamente cem títulos diferentes, somando trinta de
cada. Não é muito, mas de início, acho que você poderia tentar”.
E tentei. No dia
seguinte, enviei meu material à editora, Elisa transparecendo muito mais
animação do que eu. Uma semana depois, recebi uma grande surpresa.
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