Crônica Nerd #8: Livros - Parte 5/5

[Leia a Parte 4]

 Corri ao telefone e liguei para Elisa, a caixa de entrada de e-mails aberta no computador à minha frente. Mal podia esperar para dar a notícia a ela. 

 “Alô?”, disse ela, do outro lado da linha, com uma voz sonolenta.

 “Elisa? Sou eu, Ricardo”, disse eu, eufórico.

 “Ricardo, são oito da manhã e hoje é sábado. Eu acho melhor você ter um bom motivo para me acordar tão cedo em um dia que nenhum de nós trabalha”.

 “E tenho: recebi a resposta da editora”.

 “E então?”, perguntou ela, parecendo mais animada e acordada.

 “Eles disseram que gostaram muito do meu livro e vão publicar já na próxima remessa, se assim eu desejar”.

 Ouvi seu grito animado do outro lado da linha, enquanto ela dizia coisas como “eu sabia que você conseguiria”, ou “essa é a melhor notícia que alguém poderia dar às oito da manhã”.

 Na semana seguinte, marquei uma reunião com o chefe da editora. É claro que Elisa quis ir comigo, então torci para que não houvesse nenhum problema. No final, não teve mesmo, pois o senhor Alberto era um homem muito simpático. Assinei um contrato autorizando a publicação daquela remessa e torci para que tudo desse certo.

 E deu mesmo: a primeira remessa acabou em menos de uma semana e a editora me contatou perguntando se eu desejava estender o contrato. O fiz e tive a chance de ver meu primeiro livro transformar-se, aos poucos, em um Best-seller.

 Se minha história fosse um livro ou mesmo uma pequena crônica escrita em um blog, ela provavelmente teria um final feliz. Então acho que eu não preciso dizer que, hoje, já publiquei mais de quinze livros e sou um autor aclamado em todo o meu país, vivendo apenas de direitos autorais, o bastante para dar sustento a mim, à minha esposa, Elisa, e a nossos dois filhos.

 Termino por aqui meu doce relato, torcendo para que algum leitor possa aproveitá-lo de maneira mais profunda que a de simples entretenimento. Meu desejo é de que, na vida real, muitos finais felizes possam ser escritos.