sábado, 19 de junho de 2010

Conferência da Konami: uma das mais embaraçosas da história da E3

  O início da conferência da Konami nesta E3, que ocorreu na tarde desta quarta-feira, foi como qualquer outra: um representante da companhia interagiu rapidamente com a plateia, pedindo para que celulares fossem desligados ou postos em modo silencioso para que a transmissão ao vivo fosse realizada com sucesso.




 Sem atrasos adicionais, uma montagem de trailers foi exibida no telão, dando espaço a títulos de todos os tipos, abrangendo desde os projetos mais casuais (como aqueles focados no Kinect, da Microsoft) até os pesados, como Metal Gear Solid: Peace Walker e Rising, Castlevania: Lords of Shadow e Pro Evolution Soccer 2011 — que inclusive foi motivo para uma das decepções.

 Passadas as imagens, Shinji Hirano (o presidente da divisão americana) abriu oficialmente com seu discurso, afirmando que a empresa percebe muito bem a transição que está ocorrendo no mercado de jogos e que ela continuará a entregar conteúdo de qualidade, com títulos famosos (Silent Hill, Frogger, Castlevania e Dance Dance Revolution eram os nomes que ocupavam a imagem).

Um show... De falhas!

 Nick Perret subiu ao palco... Apenas para ser agraciado com uma mensagem de erro no componente de vídeo que impediu a exibição do trailer de seu novo projeto, Def Jam Rapstar. Depois de alguns minutos no escuro — e sem previsão para correção do problema — Perret começou a comentar sobre a proposta do jogo e do relacionamento com a Konami.

 Ele mostrou ser privilegiado pela oportunidade que teve (de saltar do nada para um “grande projeto” com sua companhia) e elogiou as parcerias estabelecidas. Com relação ao jogo, ele deixou claro que cada minuto em Def Jam Rapstar conta e pode ser compartilhado imediatamente online.

  A interatividade do jogo não está restrita apenas ao video game, já que é possível acessar a página oficial para assistir aos vídeos dos outros jogadores, emitir comentários, avaliações e até mesmo receber alertas pelo celular. A intenção clara é fazer com que os jogadores “fiquem famosos com suas performances”.



 Quem repetiu a dose de discursos desnecessários e entediantes foi Russel Simons, o fundador da Def Jam — a gravadora que tem sob suas asas contratos de famosos como Kanye West. Depois de muitas palavras, elogios e agradecimentos, a imagem ao fundo começou a piscar enquanto o som oscilava do volume mais baixo a alturas estridentes...

  Amenizados os problemas, o trailer rodou, mostrando pessoas agindo como “rappers” em frente à câmera dos consoles, cantando no microfone enquanto assistiam aos clipes oficiais das músicas.

A vergonha é a chave

 Depois da batalha dos falsos gângsteres, foram os lutadores que entraram na conferência com Lucha Libre AAA: Heroes Del Ring. Literalmente, já que estava presente Federico Bayer, ao lado dos competidores oficiais do esporte. Foi anunciado que o campeonato terá seu fim dentro da E3 para decidir qual dos participantes ocupará a capa do jogo.



 A partir daí as coisas ficaram mais constrangedoras: os lutadores simularam uma briga de tapas na cara e no peito, enquanto o apresentador segurava o cinturão de cabeça para baixo gritando suas intenções. Ainda vimos um quarto participante em vídeo, ameaçando pegar e humilhar a todos com suas habilidades. Boa, Konami!

Sangue em abundância, mas pouca empolgação...

 Voltando ao eixo da normalidade, a Konami exibiu um trailer inédito de Saw II, que carrega o subtítulo Flesh and Blood. Nas cenas, uma moça teve seus pés e mãos atados a uma estrutura metálica, que, na verdade, era um elevador prestes a desabar (processo que a rasga ao meio, como mostrado alguns segundos depois).




 A proposta, de acordo com John Williamson, é agradar aos fãs dos filmes com novos mini games, alguns baseados no cinema e outros inéditos. Cada teste será composto por dois elementos primários a fim de verificar as intenções dos personagens e deverá ser encarado como uma espécie de “chefe”.


 O jogo será lançado no dia das bruxas para Xbox 360 e PlayStation 3 e trará novos personagens, finais variáveis e transformações na fórmula vista anteriormente.

A revolução nipônica do humor

 O sangue prosseguiu como tema da conferência, já que Tak Fuji — o criador da série Ninety-Nine Nights — subiu para falar da continuação. Inúmeras melhorias foram apresentadas, incluindo exércitos com um milhão de soldados, centenas de inimigos por vez na tela (com formações variadas), chefes, efeitos climáticos e diversas classes de guerreiros.

 Mas, logo de cara, algo ficou bem claro: Tak Fuji não é um ser qualquer. Com seu “ingrês” magnífico, o rapaz falou de todas as características do projeto, mas como se elas fossem supremas. Isso se repetiu diversas vezes enquanto ele citava exemplos, fazia caretas e aguardava pelos aplausos nervosos da plateia.



 As principais pérolas foram “One mirion troops”, “Extreeeeeme!” (dito em voz baixa, como um lobo assassino da noite) e “Gamplê”, em uma tentativa de falar a palavra gameplay...

A invasão dos non-games?

  Vermelhos de vergonha pela empresa, vimos, na sequência, Nyais Taylor apresentar quatro projetos no palco. O primeiro deles foi Otomedius Excellent, um Shoot'em Up com apelo forte aos adoradores de animê, que contém nove personagens, partidas online, coleta de itens variados ao longo de seus estágios e promessa de DLCs na Xbox Live. A intenção é voltar às raízes do gênero, imitando até mesmo a série Parodius.





 No trailer, garotas desenhadas tomaram conta da tela. Elas balançavam suas formas de um lado para o outro e faziam caretas de alegria. Subitamente a imagem foi cortada e o apresentador agradeceu, sem mostrar absolutamente nada da jogabilidade. Todos ficaram sem entender...

Kinect e a família

 O segundo projeto foi Adrenalin Misfits, exclusivo para Kinect, que pretende reunir toda a família. O jogo busca elementos do Snowboard e usa avatares do Xbox 360 ou personagens criados pelo jogador.



 O trailer veio em seguida, mostrando variedade de pranchas, gráficos medianos, manobras radicais e pessoas saltando ou ficando sobre um pé só. Tudo isso enquanto seus personagens iam atravessando cachoeiras, neve, terra e outras coisas... Fica claro que é um projeto para os “casuais”.

A hora da música

 Em seguida, o nome DanceMasters (ainda não finalizado) surgiu. É o projeto desenvolvido pelos criadores de Dance Dance Revolution. O produtor Naoki Maeda mostrou a proposta, ao lado de outro funcionário bem engajado na apresentação. O “ingrês” foi ainda pior desta vez, mas logo a dupla partiu junta... Para dançar em frente ao público e à câmera do Kinect.


 A empolgação era grande sobre o palco, mas a plateia não teve a mesma resposta. As coreografias excêntricas exigiam até mesmo que o jogador sentasse, para depois girar rumo à outra direção (ainda no chão). Ficou bem claro que Dance Central é um jogo superior, ao menos até o momento.

 Finalizando a rodada musical, Christine Catle apresentou Glee Karaoke Revolution (baseado na série musical). É claro que antes do jogo chegar à tela, uma reportagem completa foi exibida, mostrando o coro que inspirou a série. Como esperado, os alunos do colégio John Burroughs começaram a cantar as músicas, enquanto o jogo registrava notas desafinadas ao fundo.



  Deixando a parte vergonhosa de lado, podemos dizer que a interface e o próprio funcionamento do jogo se parecem muito com o de Singstar, permitindo diferentes configurações de dificuldade, cantoria em duetos, participação interativa e oferecendo uma série de extras aos fãs de Glee.

Hudson tenta salvar o “espetáculo”

 Mike Pepe, da Hudson Soft, foi breve (ao menos em comparação com aqueles que vieram antes dele) e partiu para os jogos da empresa, associada à Konami. O primeiro foi BeyBlade Metal Fusion. Kenta e outros personagens foram mostrados, junto com a personalização das armas, cenas animadas em desenho, lutas de BeyBlade e poderes especiais. Infelizmente, o jogo pareceu ser simples demais em todos os quesitos, mesmo se levarmos em consideração a interconectividade entre Wii e DS.

 Deca Sports 3 terá dez eventos esportivos inéditos, inclusive o mais aguardado por todos: serrar a madeira do tronco de uma árvore... A esta altura, muitos já estavam pensando em desistir, ainda mais com Deca Sports Freedom para Xbox 360 e Kinect vindo em seguida. Os gráficos mostrados eram horríveis, mas as modalidades eram mais comuns, a exemplo de arco e flecha e Paintball.




 Mas uma boa surpresa nos aguardava: Lost in Shadow. O jogo de plataforma foi o que mais empolgou, graças à mecânica inteligente de partida, que utiliza as sombras e muito deslocamento de luz para a criação de quebra-cabeças diferenciados. Mike Pepe pode não ter transmitido ânimo, mas todos aplaudiram.




Os pesos-pesados

 Com mais da metade do tempo passado, as grandes franquias tinham que começar a aparecer na conferência. Não deu outra: Silent Hill foi mostrado pela primeira vez pelo produtor Devin Shatsky, que estava visivelmente nervoso, ao lado de seu companheiro de equipe. A intenção é retomar os elementos que tornaram a série um sucesso e o lançamento ocorrerá em 2011, tanto para PlayStation 3 quanto para Xbox 360.

  O trailer foi aberto com o clima típico da série, contendo névoa por todos os cantos. O personagem principal estava sendo transportado em um caminhão de presidiários, com as mãos presas por algemas. Ao passar por Silent Hill ele começa a ter visões, indo para o meio de uma floresta, fugindo de uma policial e correndo sobre troncos.



 A música, agora criada pelo músico responsável pela trilha sonora da série Dexter, lembrou Arquivo-X. Já dentro da cidade e de uma casa, ele utilizou a lanterna para iluminar o ambiente, verificar a televisão que ligava sozinha e identificar a arma sobre a mesa. Depois disso, restaram os gritos de agonia, tremores pela tela, transformações de dimensões e demônios espalhados.

Perdendo a cabeça, literalmente!

 Hora de mostrar um jogo inédito, chamado Never Dead. O vídeo começou com o diálogo entre um rapaz e uma mulher, equipada com um headset. Passeando pela cidade destruída, logo o rapaz é surpreendido por uma besta enorme, que atravessa a parede e o esmaga contra o outro lado da sala.

  A cabeça do personagem cai e quica no chão, enquanto a criatura (cercada por pequenos cupidos e recheada de olhos) o observa atentamente. A garota não esboça reação e fala que a cena não teve graça... É somente neste ponto que você entende que o personagem pode se desmembrar à vontade.

 Em seguida o trailer do jogo produzido pela Rebellion entra em uma dose furiosa de ação, com explosões para todos os lados, sistema de mira dupla e a possibilidade de desmembramento em tempo real. Pelo visto, o herói nunca morre.



 Shinta Nojiri encerra sua fala, agradecendo ao público, dizendo que espera que todos gostem do jogo (algo como “Hope you r’ike it”) e dando um tapinha nas costas do mesmo rapaz que já havia aparecido para dançar ao lado de Naoki Maeda. A cabeça dele despenca, graças a um truque inesperado, e gera constrangimento geral na plateia. Sim, mais uma vez...

Reaproveitamento de material

 Shigenobu Matsuyama é o responsável por Metal Gear Solid Rising. Ele fez seu discurso em japonês, desta vez. Comentou sobre suas intenções com o jogo e afirmou que levará os jogos de ação com espada a outro nível, graças à possibilidade de direcionar o corte da lâmina e também à mescla de elementos Stealth, com um ritmo de infiltração mais rápido em relação aos demais jogos da série.

 A história explicará como Raiden passou de um soldado com habilidades ligeiramente aumentadas para o monstro mecânico que figurou em Metal Gear Solid 4. Mais novidades apenas em novembro.

Castlevania na XBLA

 O criador da fórmula side scroller de Castlevania, Koji Igarashi, anunciou que o episódio Harmony of Despair será lançado na Xbox Live Arcade. Entretanto, ele virá equipado com cinco personagens novos (incluindo Alucard, de Symphony of the Night) e ocupará a tela inteira com os cenários do castelo, permitindo pela primeira vez que monstros o sigam pelos corredores.

 Haverá modalidades multiplayer, tanto em modos cooperativos quanto competitivos (de sobrevivência, como observado por Iga). De acordo com o desempenho, em termos de venda, novos estágios e personagens serão liberados.

O fim de uma jornada de embaraços

 Castlevania continuou como assunto, mas com uma visão 3D, já que Dave Cox apareceu para mostrar o mesmo trailer de Lords of Shadow que já havia passado em outras conferências. Para quem não sabe, a intenção da Mercury Steam é recriar toda a mitologia do jogo original, honrando aspectos que não foram igualados até hoje. Em seguida, Shinji Hirano retornou ao palco e fechou a conferência, avisando a todos para ficarem ligados nas novidades que virão em breve.

 Resumindo? Um péssimo desempenho da empresa em termos de apresentação na E3. Momentos constrangedores por todos os lados, nada de Pro Evolution Soccer 2011, repetições de trailers já vistos e a falta de organização foram apenas algumas das coisas que irritaram. Uma pena, já que a Konami tem conteúdo de sobra exposto na feira, com muita qualidade. Agora é esperar por mais novidades.

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