sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Crônica Nerd #7: A Máquina - Parte 3/4


[Leia a Parte 2]

 "Alfa 1, estou a caminho", disse a Ninja, começando a correr em direção à saída. "Alfa 3, quanto tempo você leva para chegar à entrada com a Máquina?"

 "Não sei", respondeu sinceramente o Destruidor. "Descobri que, se eu simplesmente andar, Jin me segue, mas ele não deve ser mesmo o robô mais rápido do mundo".

 "Não será necessária a intervenção de todos", disse o Matador. "Alfa 3, leve seu tempo. Alfa 2 e eu cuidamos do que quer que seja".

 A base secreta da empresa Futuro Hoje ficava no meio de um deserto de areia, escondida em uma formação rochosa. Sua entrada ficava exatamente na lateral da formação, de onde era possível enxergar, a leste, até o horizonte. Enquanto os cinco cavaleiros aproximavam-se, Matador, um homem magro, porém muito ágil, que gostava de se vestir com armaduras de couro e tinha os cabelos curtos penteados para cima, sacou sua pistola de bronze, Bronzong, e se escondeu atrás de uma rocha relativamente alta.

 Não demorou muito e a Ninja apareceu, saindo pela porta de entrada que outrora estivera trancada. Ela não recebeu o apelido a toa: além de possuir uma destreza quase sobrenatural, gostava de usar apenas armas brancas ou de arremesso e de ostentar um penteado de rabo longo que remetia à arte oriental. Apesar disso, vestia-se como uma mulher deveria se vestir naqueles tempos: uma bela blusa de botões rendada e uma saia não muito longa cheia de bordados e com uma franja toda franzida. Ela olhou ao redor, analisando a situação, e encontrou o olhar apreensivo do matador. Tratou logo de pegar algumas shiho shakens, uma espécie de estrelas ninja de quatro pontas, de seu coldre especial.

 Os cinco cavaleiros se aproximaram cautelosamente, os cavalos relinchando ao diminuirem o trote para uma marcha lenta. Por precaução, o Matador e a Ninja desligaram o áudio de seus comunicadores.

 "Vocês tem certeza que é aqui?", ouviu-se uma voz masculina perguntar.

 "As coordenadas não mentem. Se viemos pelo caminho certo, o lugar é este", uma segunda voz masculina afirmou.

 "Tenho certeza de que é aqui. Não desgrudei os olhos de minha bússola por nem um segundo", uma terceira voz masculina, que aparentava vir de uma pessoa mais idosa, falou desta vez.

 "Parem de gritar", ordenou uma voz feminina. "Não sabemos quem ou o que podemos encontrar por aqui".

 O Matador e a Ninja, então, ouviram enquanto cinco pares de pés desabavam no chão de areia. Ouviram, então, o ruído característico de uma pistola cuja trava de segurança é desativada. Os cinco cavaleiros estavam armados e prontos para atacar.

 Alguns segundos de tensão se passaram enquanto o Matador e a Ninja tentavam bolar um plano. O Matador segurava Bronzong, sua pistola de bronze, firmemente, o suor escorrendo em seu rosto. Quando ouviram a porta de ferro se abrindo, pensaram que talvez Destruidor tivesse chegado, mas logo ouviram a voz do primeiro homem falando novamente:

 "Está destrancada. Talvez tenhamos mais companhia do que imaginávamos", disse o rapaz.

 Finalmente, o Matador arriscou um olhar cauteloso na direção dos cinco cavaleiros. Havia um jovem de cabelos loiros, um homem de meia idade de cabelos negros e a barba por fazer, um homem idoso com cabelos brancos e uma barba espessa, uma jovem também loira de cabelos compridos e uma segunda mulher, de aparência também jovem, de cabelos curtos e encaracolados. Os três homens usavam roupas típicas do campo, enquanto a loira usava um longo vestido cor de rosa, e a morena trajava uma blusa de botão que acabava no umbigo e uma saia amarronzada que batia nos joelhos.

 Então aconteceu. Com um salto, a Ninja disparou cinco estrelas que atingiram, certeiras, os invasores. O jovem loiro caiu no chão ao receber uma estrela no ombro pelas costas. O rapaz de meia idade foi atingido na barriga e cambaleou para trás até encontrar uma pedra. O idoso foi atingido no ombro também, mas pela frente, e simplesmente gritou. A moça loira foi atingida no meio da coluna e se dobrou sobre si mesma. A outra garota foi atingida na perna e caiu sobre um dos joelhos. Então, sacou, ameaçadoramente, uma pilha de estrelas, pronta para jogar mais, enquanto o Matador saía de seu esconderijo apontando Bronzong na direção dos intrusos.

 "Quem são vocês e o que querem aqui?", perguntou ele, com autoridade.

 "Isso não é de sua conta", quem respondeu foi a garota morena, a menos machucada, enquanto seus companheiros gemiam de dor. "Quem são vocês e o que vocês fazem aqui?"

 O Matador apontou Bronzong diretamente para ela, observando cautelosamente os outros quatro. A maioria deles parecia recuperada do susto, mas não da dor. Os três rapazes e a morena arrancaram, a sangue frio, as estrelas ninja cravadas em suas peles, mas a loira continuou dobrada, agora caída de joelhos no chão.

 "Nós fazemos as perguntas aqui. Vocês não estão em condições de fazer nada", respondeu, simplesmente, o Matador.

 Mas, aparentemente, eles estavam sim. Aproveitando-se de um descuido, o jovem loiro deu um tiro na direção do Matador que fez Bronzong voar pelos ares, enquanto o idoso apontava uma escopeta na direção da Ninja.

 "Qualquer movimento e a gatinha morre", ele disse, parecendo entretido com a cena. "Viemos aqui em busca de uma Máquina, mas vejam só o que encontramos. Se não me engano, eu conheço vocês. Devem ser aqueles malditos mercenários do deserto. Ouvi várias histórias sobre vocês, mas não achei que fossem verdadeiras. Quando entregarmos seus corpos na delegacia, poderemos fabricar a máquina que quisermos com o dinheiro da recompensa".

 Enquanto os outros quatro cavaleiros olhavam, agora com um misto de espanto e ganância nos olhos, a porta da base secreta se abriu, revelando um pequeno robô de cobre e latão acompanhado de um homem musculoso vestindo malhas de borracha e óculos de aros grossos, de aparência futurista. Então, sem nenhuma ordem, sem nenhum comando, o robô simplesmente disparou um feixe de luz na direção dos cinco cavaleiros, cortando-os ao meio e deixando a Ninja e o Matador intactos e catatônicos.

[Leia a Parte 4]

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