[Leia a Parte 3]
Quando Estevão
Marques, presidente da Futuro Hoje sentou-se confortavelmente em sua mesa para
tomar o café da manhã naquele dia e pegou despreocupadamente o jornal diário,
quase engasgou com o que viu logo na primeira página.
‘Reino de Terror’,
dizia uma manchete em letras garrafais e nada amigáveis, com uma foto que
mostrava, em preto e branco, dois homens, uma mulher e a Máquina. Mas não podia
ser. Ele com certeza estava enxergando mal. Não era possível que sua preciosa
Máquina tivesse sido roubada dos confins da base secreta de sua empresa e
estivesse, agora, sendo utilizada para o mal.
Mas o resumo da
notícia deixava bem claro do que se tratava: ‘Munidos de uma espécie não
catalogada de dróide, o trio não identificado acima tem espalhado o caos e o
terror por toda a cidade, roubando, matando e destruindo indisciplinadamente. O
dróide em questão é dotado de um raio laser mortífero que parece capaz de
prejudicar a qualquer um que não sejam seus donos. Com isso, eles já... (Leia o
resto da notícia na página 15)’.
De semelhante
maneira, quando Giordano Loureiro, líder da organização criminosa conhecida
como Equipe Cosmos, sentou-se em sua poltrona para fumar
um charuto enquanto acariciava seu gato e lia o jornal, e deu a primeira olhada
no diário, deu uma dentada violenta no rolo de fumo que o fez cuspir e engasgar,
levantar rapidamente, derrubando o pobre animal que pos-se a lamber-se no chão,
enquanto o dono xingava procurando um copo d’àgua. Finalmente descobrira por
que os três incompetentes que havia contratado se demoraram tanto na entrega do
equipamento.
Enquanto isso,
escondidos em um quartel general improvisado, em uma caverna no meio do mesmo
deserto onde encontrava-se a base secreta da empresa Futuro Hoje, estavam
reunidos em volta de uma mesa o Matador, o Destruidor e a Ninja, rodeados por
incontáveis sacos de dinheiro, jóias e riquezas de todas as espécies. Os três
desatavam a discutir contra o fato de o fotógrafo ter, possivelmente, pego o
pior ângulo de cada um deles, enquanto Jin-Run perguntava a quem estivesse
disposto a responder como eles gostavam do café e qual seria a próxima missão.
Desde que roubaram a Máquina, os três vinham ficando cada
vez mais maravilhados com tudo o que o pequeno robô era capaz de fazer: de moquecas
de peixe e angus a baiana até raios laser mortíferos capazes de destruir
qualquer coisa que não sejam seus donos. De fato, os três mercenários haviam
acumulado tantas riquezas que a pequena caverna tornava-se ainda menor a cada
vez que eles resolviam sair para roubar mais alguma coisa. E, enquanto estavam todos juntos, eles só
faziam duas coisas: roubar e discutir.
O que aconteceu nos
dias seguintes foi que eles continuaram roubando e não havia quem os parasse. A
polícia foi atrás deles, mas foram imediatamente impedidos pelo raio laser de
Jin-Run. Quando o exército entrou em ação, não sobrou sequer um cavalo. Até
mesmo as mães dos três mercenários ligaram para eles, ralhando. Nesse dia,
Jin-Run atirou seu raio laser contra os telefones dos mercenários.
Pouco menos de um mês
depois do início dos ataques, a polícia internacional acabou descobrindo o
criador da Máquina, e Estêvão Marques foi levado a interrogatório.
“Não se preocupem”,
dizia Estêvão. “Os problemas logo acabarão”.
A população revoltada
cobrava soluções imediatas da Futuro Hoje, mas Estêvão simplesmente sugeriu que
o exército fosse atrás dos mercenários dali a exatamente cinco dias, quando,
então, completaria um mês desde o início dos ataques. Os três mercenários,
sabendo do ocorrido, ligaram para a polícia para informar que, na data
sugerida, estariam sentados no Parque dos Pombos, na região central da cidade,
esperando o exército com seu brinquedinho.
E assim fizeram:
ficaram sentados na beirada de um chafariz que lá havia. Quando o exército
apareceu, eles simplesmente ficaram parados enquanto Jin-Run destruía falange
após falange de soldados. Quando o delegado local estava prestes a mandar que
enforcassem Estêvão Marques aconteceu algo que ninguém esperava. Jin-Run, após
um último raio mortífero interrompido precocemente, acendeu uma luz vermelha a
um lado de sua cabeça, onde podia-se ler: ‘Sem Bateria’.
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