sexta-feira, 25 de março de 2011

Crônica Nerd #2: A Maior Invenção de Todos os Tempos - Parte 4/4


[Leia a Parte 3]

 Túlio estava animado. Quando eles chegassem lá e vissem sua nova invenção, com certeza ficariam extremamente surpresos. Afinal, ninguém jamais poderia ter pensado em algo assim. Ou talvez tivesse, mas só nunca colocou em prática. Com certeza seus amigos viriam correndo para descobrir do que se tratava tudo aquilo.

 Finalmente, depois de um tempo que pareceu uma eternidade, eles chegaram. No entanto, além de terem demorado, eles não pareciam loucos de vontade de descobrir o que era a invenção: ao contrário, discutiam sobre alguma coisa, que Túlio demorou a entender, devido ao bate-boca.

 "Eu tenho certeza, Pablo! Eu estava com ele depois que nós saímos da sua casa!" dizia Marcele.

 "Mas então você deve ter deixado cair. Não devia estar bem preso, então ele acabou soltando" respondeu Pablo.

 "Mas nós fizemos todo o caminho de volta pra sua casa e não achamos! Onde é que ele pode estar?" retrucava Marcele.

 "É realmente estranho, mas já está escurecendo mesmo. Acho que você perdeu. De qualquer forma, o que tinha de tão importante naquele colar?" perguntou Pablo.

 "Simplesmente era um colar original do Chrono Trigger, feito a mão e supervisionado pelo próprio Sakaguchi Hironobu, feito para ser exatamente igual ao da princesa Nadia" disse Marcele, irritada.

 "Pensei que você fosse otaku" replicou Pablo, desdenhoso.

 "Mas que coisa! Otakus não gostam só de animes e mangás, mas de toda a cultura japonesa" gritou Marcele, e acrescentou, em seguida, mais calma: "Além disso, todo o mundo sabe que o jogo foi desenhado pelo Toriyama Akira".

 Nesse meio tempo, Túlio estava se segurando para não soltar uma exclamação. Primeiramente, ficou confuso com a discussão dos amigos, sentindo uma enorme gota d'água se formar no topo de sua cabeça. Em seguida, quando descobriu do que se tratava, sentiu uma ruga enorme de raiva se formar em sua testa. Ao perceber que os amigos continuavam discutindo, não aguentou e gritou:

 "Vocês querem parar com isso?" gritou ele, e os amigos se calaram. "Olha, gente, depois a gente descobre o que aconteceu com o bendito colar da Maru-chan, ok? Agora, a gente vai falar sobre a minha invenção".

 Ele esperou para ver se a discussão recomeçaria, mas os dois amigos pareciam realmente interessados no que ele estava falando, então ele acendeu as luzes e continuou:

 "Segundo as teorias de Albert Einstein e John Wheeler, tudo o que existe no universo é composto de algo infinitesimalmente pequeno, chamado de espuma quântica. A espuma quântica seria, supostamente, a fundação do tecido do universo, mas este termo também pode ser utilizado para descrever qualitativamente as turbulências do espaço-tempo subatômico" começou a dizer Túlio.

 "Adoro quanto o Tux decora a Wikipédia" sussurrou Marcele, ao que Pablo concordou, com um aceno de cabeça.

 "No entanto, meus amigos, o que nenhum destes grandes gênios jamais concebeu é que, talvez, e apenas talvez, fosse possível manipular esta espuma quântica" disse Túlio.

 Houve um silêncio tenebroso logo após desta frase. Marcele pensou em um anime onde o vilão acabava de contar seus planos malignos. Pablo pensou em um jogo onde era preciso derrotar o Frankenstein. Túlio pensou que seus amigos eram idiotas por não falarem nada quando tiveram a oportunidade.

 "Hoje, meus amigos, eu os trouxe até aqui para lhes apresentar minha nova invenção, a qual eu chamo de: Raio Temporal" concluiu Túlio, apontando para uma máquina recém-construída posicionada em um dos cantos da garagem, que parecia uma grande arma laser acoplada a uma central de informática.

 "Então... o que isso faz?" perguntou Pablo.

 "Isso, meu caro amigo" emendou Túlio, aproveitando a deixa que esperava "se meus cálculos estiverem corretos, é uma poderosa ferramenta capaz de manipular o tempo em volta de um ser, tornando-o mais jovem ou mais velho".

 "E se os seus cálculos estiverem errados?" perguntou Marcele, hesitante.

 "Bom, acho que ainda serve pra fazer bacon" respondeu Túlio, ao que se seguiu uma gostosa risada entoada pelos três.

 "Então, vamos ligar?" perguntou Pablo, agora verdadeiramente anioso.

 "Muita calma nessa hora. Não sabemos o que pode acontecer se algo sair errado. Por acaso eu consegui surrupiar uma cobaia de um dos laboratórios da faculdade" dizia Túlio, enquanto pegava uma pequena gaiola em um canto da garagem. Dentro da gaiola havia um pequeno ratinho branco, que brincava, feliz, com algo que tinha acabado de encontrar. Mal sabia ele que havia uma mão imensa prestes a pega-lo e coloca-lo na mira de um raio mortal, mas foi exatamente o que aconteceu.

 "Agora, saiam de perto que eu vou ligar" disse Túlio, logo depois de colocar a cobaia na mira de seu Raio Temporal.

 O que aconteceu em seguida poderia ter passado despercebido por um observador desatento, que ia logo atribuir o fato a alguma obra do maligno ou qualquer outra coisa sobrenatural: Túlio acionou o interruptor para ativar o equipamento, o ratinho foi atingido por um raio que saía exatamente da ponta do instrumento que parecia uma arma laser, Túlio gritou que estava funcionando, vendo que o ratinho começava a encolher, Marcele gritou alguma coisa parecida com "Vejam! É o meu colar!", os dois garotos olharam para o ratinho, que ainda brincava alegremente com o colar perdido de Marcele e, então, subitamente, o raio se ampliou, envolveu os três seres humanos que estavam na garagem, e tudo desapareceu, deixando apenas as outras invenções de Túlio e os carros de seus pais na garagem.

[Leia "A Maior Viagem de Todos os Tempos", a sequência desta crônica]


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