quinta-feira, 21 de abril de 2011

Música Nerd #32: Padre José Maurício


 Todos nós, independentemente da religião ou mesmo da falta dela, sabemos: a Páscoa é uma data separada pelos cristãos para comemorar a ressureição de Jesus Cristo. Por isso, neste mês de abril, ao invés de enfeitarmos o blog com coelhinhos, decidimos fazer um Música Nerd Especial, contando um pouco da música cristã para os nerds interessados em saber. Ser nerd é (como diria o ET Bilu) buscar conhecimento, e o conhecimento pode vir de qualquer fonte, até mesmo daquelas que menos esperamos. Sem mais delongas, vamos ao nosso Música Nerd de hoje, que falará um pouco sobre este grande gênio da música, que todo brasileiro deveria se orgulhar em conhecer: Padre José Maurício.

Um pouco de história

 José Maurício Nunes Garcia, filho de Apolinário Nunes Garcia e Victória Maria da Cruz, sendo ele branco e ela filha de escravos, nasceu no dia 22 de setembro de 1767, vindo a falecer em 18 de abril de 1830, e foi um grande compositor brasileiro, tendo sido reconhecido como um dos maiores compositores das Américas. Foi ensinado nos caminhos da música pelo mineiro Salvador José de Almeida Faria, e aos 16 anos já compunha sua primeira obra. Tendo se interessado pelo catolicismo, em 1792 foi ordenado padre, e em 1798 se tornaria mestre da Capela da Sé, no Rio de Janeiro, compondo novas obras para a liturgia, dirigindo e conduzindo os músicos da igreja, e sendo ele próprio um excelente organista. Em 1808, com a chegada da Família Real portuguesa, sendo D. João VI grande apreciador da música erudita, foi nomeado mestre da Capela Real e, em 1809, foi condecorado com o Hábito da Ordem de Cristo. Em 1811, porém, Marcos Portugal, célebre compositor português, tomou o posto de José Maurício, que passou a ser apenas um compositor esporádico na Capela Real.



Um pouco de música

 Entre suas obras, as mais notáveis, com certeza, estão no ramo da música sacra. O "Kyrie", da "Missa de Santa Cecília", deve, com certeza, ser mencionado.



 Ainda na área da música sacra, temos este belíssimo "Credo em Dó Maior", que já começa com um pouco de canto gregoriano.



 O que muita gente não sabe, no entanto, é que José Maurício não foi apenas um brilhante músico e compositor, mas foi um excelente professor, tendo desenvolvido ele mesmo um método para o aprendizado de piano. A "Lição nº 5", possivelmente inspirada em uma música de Gioacchino Rossini, é, aqui, apresentada em um cravo.



Algumas curiosidades

  • Apesar do grande apreço de D. João VI pelo músico, muitos membros da corte, preconceituosos com o fato de sua mãe ter sido filha de escravos, referiam-se ao fato de ele ser mulato como um "defeito visível".
  • Tendo sido padre durante quase toda a sua vida, José Maurício jamais viria a se casar. No entanto, abandonando o celibato, ele teve cinco filhos, dos quais reconheceu apenas um.
  • Por vezes, a falta de recursos acabava se colocando no caminho do padre, e ele era forçado a escrever suas peças para grupos reduzidos de instrumentos, chegando a transformar toda uma orquestração em uma redução para órgão. Além disso, as aulas de teoria musical que ele ministrava foram, por muito tempo, realizadas sob o som de uma viola caipira, não podendo contar nem mesmo com um piano ou um cravo.

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