No mundo da informática é muito comum a gente ouvir a palavra "bug", que designa algum defeito ou falha, geralmente em algum software, mas também usado para hardwares. Oras, os computadores mais complexos do mundo estão dentro de cada um de nós e se chamam cérebros. Como todo computador é sujeito a erros e conflitos, já dá pra entender que um cérebro humano é sujeito a bugs. Conheça, agora, os seis bugs mais comuns que acontecem no seu cérebro!
1 - Pareidolia
Sabe quando alguém cisma que está vendo a imagem de um santo em uma mancha na janela ou quando você distingue o formato de animais em nuvens? Esse fenômeno se chama pareidolia e acontece quando interpretamos um estímulo totalmente vago (uma imagem, som ou outros tipos de sinais) como algo cheio de significado. Tudo por causa da mania do cérebro em procurar padrões em tudo. O teste de Rorschach – aquele das pranchas com manchas de tinta em que você tem de dizer o que está vendo – foi criado para explorar a pareidolia e sua possibilidade de revelar o que há na mente das pessoas. Na imagem ao lado, o que você vê: uma pessoa, uma árvore ou as duas coisas?
2 - Falácia do jogador
A falácia do jogador ou de Gambler é a tendência a achar que eventos relacionados a probabilidades podem ser influenciados por eventos aleatórios anteriores. Para entender: você joga uma moeda 3 vezes e em todas elas dá coroa. Em que apostaria na quarta vez? A tendência é acharmos que, se já saiu coroa 3 vezes, a próxima deverá ser cara. Mas a probabilidade, é claro, continua sendo a mesma: há 50% de chance de sair cara e 50% de sair coroa, não importa quantas vezes tenha saído cada um dos lados. Pode parecer óbvio, mas esse erro de pensamento é responsável por fazer com que muita gente perca dinheiro em jogos de azar. Um exemplo clássico (e bem nerd) de que a falácia do jogador é um belo de um bug é o Geodude da coleção Fóssil, uma das primeiras do trading card game de Pokémon: um amigo meu já chegou a causar 110 pontos de dano com aquele golpe... (Pra quem não entendeu, o golpe deste Geodude diz: Tire cara ou coroa até sair coroa. Este ataque causa 10x o número de caras.)
3 - Efeito Halo
Não, não! Não tem nada a ver com o game ou com a música. Imagine que você é o gerente de uma firma e um dos seus empregados chegou atrasado ao trabalho nos últimos 3 dias. Quando fica sabendo disso, você conclui que o cara é um preguiçoso que não dá valor ao emprego. Pode haver inúmeras razões justas e possíveis para os atrasos e o empregado pode ter muitas qualidades. Mas, por causa dessa falha cognitiva chamada Efeito Halo, você passa a julgar a pessoa como um todo com base nesse único aspecto. Outro exemplo disso é o pensamento “se o cara é famoso, então ele também é confiável”. Ou “se é loira, é burra”.
4 - Desconto hiperbólico
O que você prefere: ganhar R$20,00 hoje ou R$100,00 daqui a um ano? A maioria das pessoas dá uma de criança nessa hora e prefere garantir os R$20,00 na hora a esperar um ano, mesmo que seja para receber uma quantia 5 vezes maior. O viés do desconto hiperbólico ou gratificação instantânea faz com que sempre prefiramos benefícios imediatos a gratificações posteriores, mesmo que isso envolva perdas. É o que ocorre com quem prefere comprar algo a prazo em vez de guardar dinheiro e esperar um pouco mais para pagar à vista, ainda que os juros a serem pagos quase dobrem o valor da mercadoria.
5 - Efeito placebo
Esse é famoso. O efeito placebo ocorre quando uma substância sem nenhuma propriedade medicinal é dada a um doente com a promessa de que irá curá-lo e acaba realmente melhorando os seus sintomas. Esse fenômeno é tão forte que chegam a ocorrer alterações fisiológicas na pessoa – mas, diferente de um tratamento de verdade, esses efeitos são passageiros. Por isso, o efeito placebo é usado em testes para determinar se determinados medicamentos funcionam ou não.
6 - Ilusão do controle
Você sabe por que as pessoas que jogam dados em cassinos costumam soprá-los ou agitá-los bem antes de lançá-los à mesa? Tudo culpa da chamada ilusão do controle. Trata-se da tendência de acreditar que podemos controlar ou, pelo menos, influenciar acontecimentos sobre os quais não temos nenhum controle. Quando acertam o resultado do lançamento de um dado, por exemplo, a pessoa interpreta isso como a confirmação de que tem algum controle sobre o evento, sem considerar que havia, de fato, 1/6 de chance de acertar. Outro exemplo é quando, numa mesa de RPG, você está enfrentando um inimigo poderoso e acha que, se ficar entoando "falha crítica, falha crítica" a cada vez que o mestre joga os dados, terá mais chances de vencer. Essa falha cognitiva está ligada à superstição e é responsável por fazer as pessoas repetirem certos rituais, como soprar os dados, usar um “anel da sorte” ou coisa do tipo, achando que isso poderá influenciar acontecimentos futuros.
Fonte: Revista Super Interessante
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